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Ventos Poéticos. Poetic Winds. A review by the poet Ana Maria Lopes.


Ventos Poéticos

Ana Maria Lopes*

Uma aquarela em tons suaves, de Luíza Manhães, nos apresenta A Brisa e o Vento, novo livro de Ana Paula Arendt (Editora Só Livro Bom, 2016, 53 p.).

São poemas. Trinta e três, na verdade. Mas ao lê-los, a sensação é a de estar compartilhando uma vida, dividindo emoções em uma mescla de força e ternura.

Ana Paula é uma poeta que não rebusca caminhos, é direta e firme e suas palavras brotam com a naturalidade da boa fonte poética. Sua poesia envolve de forma recorrente a maternidade, onde ela promove o diálogo mãe-filhos – tema universal - que comove e emociona. Esse sentimento aflora nos poemas “Meu Filho-Pássaro”, “Aquarela de Bem-Vindo”, “Mamãe Cantando no Seu Sonho” e em diversos outros onde o verso explode em achados poéticos como “...Mamãe, deixa eu mostrar/ como era a gente antes/ do tempo jamais passar” (Cinco Volumes, p. 24).

A poeta-mãe dá voz à poeta-criança na visita aos porões da infância. Aí ela joga luz sobre a vida comum de menina em seu próprio quarto, jogando bola, na casa da prima ou na sopa que a mãe servia (Lá onde eu Morava, p.30). Ela se revela num jogo lúdico e verseja com alegria e gosto de vida.

Difícil dizer onde acaba a menina e começa a mulher que canta a natureza em “Chuva em Agosto”(p.15) : “Buquês de ipês amarelos/Floridos, ao anoitecer/ iluminam, tornam belos/ o caminho do meu bem-querer/. Ou ainda em “Um Estudo Sobre a Queda das Folhas”(p.16) e “Um Estudo Sobre o Voo das Aves e dos Pássaros”(p.19): “Em curva, bem íngreme, em trajetória, inclinado/ ondulante, curvilínea, tortuosa, enjeitado.”

Ana Paula Arendt escreve e busca nos temas – além do instinto maternal e o amor à natureza – os mais inusitados e cotidianos objetos para expressar a poesia que lhe acomete diuturnamente. Um sorvete de chocolate ou um biscoito de côco servem à Ana como mote inspirador.

Seus poemas possuem, em que pese muitas vezes o cantar das dores do mundo, a esperança: “Eis que a vida sempre encontra/ os caminhos de se estar contente” (Chuva de Agosto, p.15) e a força: “Te buscarei até o último fôlego de coragem./ Ó, meu amor, não estás sozinho” (Andei sob o Manto Estrelado, p.13).

Ana Paula Arendt maneja as palavras com ritmos e mensagens que não repetem fórmulas acadêmicas ou a rigidez métrica. A gênese de sua criatividade está no coração e na sensibilidade. E ela se solta. E se mostra inteira, feminina e incrivelmente humana.

*Ana Maria Lopes é Poeta brasiliense, autora do aclamado livro de poemas "Risco".

Poetic winds

Ana Maria Lopes*

An aquarelle in soft tones of color, painted by Luiza Manhaes, introduces us into “The Breeze and the Wind”, new book by Ana Paula Arendt (Just Good Books Publishing House, 2016, 53p.)

There are poems in it. Thirty-three, actually. But in it the feeling of the reader is that he or she shares a life, dividends of strength and tenderness.

Ana Paula is a poet who does not divert in her ways, she dives, directly and firmly, her words flow with the natural quality of water in the poetry fountain. Her poems recurrently encompass maternity, where she hold the dialogue mother-to-children – a universal theme – in a touching way that stir emotions. That feeling come out at poems “My bird son”, “Welcoming aquarelle”, “Mom singing at your dream”, and in many others where the verse explode in poetic findings, such as “Mother, let me show to you/how we were before that time/time never passed” (“Five volumes”, p. 24).

The poet-mother gives voice to the poet-child in the visit to her childhood cellar. There she turns on the light over her common girl life at her own room, playing ball, at her cousin’s or on the soup her mother prepared (There where I lived, p. 30). She reveals herself in a ludic game, as she rhymes with joyfulness and a taste for life.

It is hard to say where the girl ends and where the woman starts, the woman who sings nature at “August rain” (p.15): “Golden araguaney bouquets/blossom at dusking days/they garnish and light all care/I gave you along the way”. Or yet at “A study on the flight of birds and nestlings” (p. 19): “In a curve, in a steep, on a track, also inclined:/heave ahead, curvilinear, meandering and streamlined”.

Ana Paula Arendt writes and searches by themes – beyond the maternal instinct and love to nature – she goes through the more unexpected and quotidian objects to express the poetry sting that hits her ceaselessly. A chocolate ice-cream or a coconut cookie serves her as an inspirational line to weave.

Her poems, despite the often singing of world’s pains, bring us hope - “Here life always meets/the paths that lead to be neat” (August rain, p. 15) – and also strength – “I will search you until my last breath of courage/Oh, my love, you are not alone nor sorry” (“I walked under the starry cloak”, p. 13)

She handles words with rhythm and messages that do not repeat the known scholar formulas and metric rigidity. The genesis of her creativity is in her heart and in her sensibility. And she flies on... And she shows herself, whole, and feminine, and incredibly human.

* Ana Maria Lopes is a acknowledged Brazilian poet who lives in Brasilia, author of the Book "Risco", and also world traveller.



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