PREFÁCIO AO LIVRO POESIA REUNIDA (2014-2018), DE ANA PAULA ARENDT
Dentre as diversas artes relacionadas à linguagem humana, a poesia foi minha primeira grande paixão.
Ainda criança, por volta dos meus 10 anos, fui apresentada às obras do grande poeta romântico, Castro Alves, me conectando de uma forma avassaladora ao seu poema, Navio Negreiro.
Aquela narrativa de uma travessia de escravos, cujo sofrimento é retratado de forma tão intensa, me abriu para a possibilidade de transcender do mundo real, por meio da escrita e leitura, navegando, não num navio repleto de homens privados da sua liberdade, mas num mar de brumas, perfumes, sons e cores, conduzida pela métrica e força de cada palavra.
O poeta inglês, John Keats, ao escrever uma Ode a uma urna grega, ele chamou-a de “Inviolada Noiva do Silêncio” e a rma que, mesmo sem falar, por ser um objeto inanimado, ela pode, com suas inscrições ali retratadas, relatar uma história mais bela que seus versos.
E assim fez Ana Paula Arendt... cada história em forma de poema é fruto de uma visão vasta de mundo que com muita destreza ela nos premia, onde os estudos sobre os mais varia- dos assuntos nos aproxima da sua essência, num misto de delicadeza e força em cada frase.
Nas minhas aulas de literatura inglesa e portuguesa, no Departamento de Letras da Uni- versidade de Brasília, recebi como de nição que poesia é arte, a obra é poema, e o poeta o artí ce.
Este livro, Poesia reunida, desnuda a alma das várias poetas, a mulher, a mãe, a cientista política, a diplomata e a artí ce.
Estou certa de que o leitor encontrará nesta coletânea o prazer de mergulhar, como eu mergulhei, no universo de Ana Paula Arendt e se deixar levar pela emoção.
Boa leitura.
D. Hélvia Paranaguá Brasília, 15 de março de 2019.