Comentários do Carlos Nejar, Decano da Academia Brasileira de Letras, escritor brasileiro indicado ao Prêmio Nobel, Príncipe das Letras, sobre a obra Sonetos para minha Pátria, 326 poemas que escrevi de 2016 a 2023.
Agradeço aos leitores pelo incentivo e partilho a alegria desse resultado. Em breve será lançado o livro!
Com carinho,
Ana Paula Arendt.
ANA PAULA ARENDT E O CRISTAL DOS SONETOS
Por carlosnejar@
Pablo Neruda, o imenso Poeta chileno e universal, escreveu os “Cem Sonetos de Amor”, que tive ensejo de traduzir, com versos de madeira, fugindo da forma tradicional ou das rimas, ou fecho de ouro.
E “o ritmo não é medida” – observa Octavio Paz – “é visão do mundo”. E a visão do mundo da Poeta e Diplomata Ana Paula Arendt é personalíssima, recriando noutro plano, altamente inventivo a suscitação de Neruda, ao plasmar versos – não de madeira – mas de cristal, onde sobrepaira a sensibilidade feminina para dentro do silêncio, com imagética renovadora, nos “Sonetos para a minha Pátria”.
Ao romper com o jogo da rima e dos harpejos, trabalha magicamente “por flores singulares e distintos lampejos”, o que não deixa de ser a lição de Auden, ao se debruçar prosaicamente no poético e poeticamente no prosaico em viagem de pudor e rigorosa imaginação. “O sonho é a sorte da sisa e do siso…/Eis aqui um verso, não é muito, mas é um poema / da pena de quem foi, tristemente, mais triste.”
Como se movesse a monda de palavras, triturando o silêncio entre “sinais e sílabas que saciam os lados”. O tempo se entrecruza com seu pensamento, sendo também levado de roldão no verso, “inclinado a pensar no que ele próprio pense”. Transportando aladamente “a fé por fora e a dor por dentro”.
Conserta o que é ausência de amor com arrojadas palavras, faltando um “vácuo de úmida escada”, para correr e subir.
As metáforas são os dentes da moenda do poema, os símbolos o andar da roda de memória, com “frases contumazes”, sabendo das traças e escaravelhos do esquecimento. Ou a “pátria do País a loucura”, que é domada. Quando a escrita muda a realidade.
Continua Ana Paula, com outro livro “Sonetos de Delicado Carinho”, onde “o Amor constrói, convém e conserta”. E, por fim, “Os Sonetos de Pura Esperança”, seguidos de “Paixão Incompleta”. Pois, esta poesia cumpre o que o citado Octavio Paz acentuou: “A revelação da condição humana”. Com visão cristalina, inovadora.
Carlos Nejar é escritor. Da Academia Brasileira de Letras.
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