A Montanha Negra
- Ana Paula Arendt
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A Montanha Negra
Ana Paula Arendt
Quisera eu alcançar a Montanha Negra,
monte pisado em que se escala e
se cai antes de chegar ao topo.
A silhueta do calmo abraço montanhoso
me chama ao encontro de altura e vertigem.
Quisera os meus músculos contraídos
fazendo meus pés elevar a paisagem mais bela
fossem destemidos de enfrentar a morte
e o pesadelo de cair não me estarrecesse.
O medo de deixar as coisas incompletas,
de não chegar aos ouvidos que amo
a minha sempre última mensagem:
a beleza de dizer que eu te amo.
Quisera eu superar este medo
da noite eterna feita de abandono,
dominar essa montanha que se oculta,
mais alta e aguçada do que eu posso.
És poeta e moras dentro da noite.
A morte não paira sobre as tuas palavras,
escorre formando oceano cheio de vida.
És a construtora das urdiduras lancinantes…
Quisera eu também ser poeta:
de dominar o monte negro,
fazer artesanato e extravagância
com todos os medos e metais ali guardados.
Montanha onde moram as fadas selvagens,
elevação que abriga musgo e erva,
o que nos obriga a enfiar o pé descalço
na maciez da terra não percorrida.
Ah! Se eu pudesse
alcançar a Montanha Negra,
subi-la e descê-la como habitante
de um mistério desconhecido.
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