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Espanto





Espanto


Causou-me espanto ver surpresa nos olhos

de quem me disse não sou como imaginavam.

E rindo, dizem sou calma, não vivo de espólios,

elogiam uma voz delicada, o sorriso amável.


Já outras me surpreendem dizendo sou decidida,

que sou predominante, que poderosa, não me curvo…

Quando tantas vezes julguei que me perturbo

tão facilmente com os incômodos da vida.

Pois tenho nada! Nada além de serviço nesta lida...


E se eu acho que fujo, buscando ter distância,

dizem faço ironia e que finco uma forte opinião.

Ai! Quando busco socorro, ferida, chamando meu irmão

ele diz já tombaram e parece implacável minha substância.


A forma como eu me vejo é muito diferente de quem me vê.

E as mensagens que escrevo, não sei muito bem por quê,

parecem conter muito mais de quem lê do que eu de verdade.

E causa-me espanto, adivinhar, então, a personalidade

e experiência grotescas de quem busca nelas um teor rebelde.

Pois quisera a coerência fizesse retornar ordem às coisas,

e não julgo grande coisa, dizer opinião ou discordar debalde.


Quem sou, então? A mulher que vejo no espelho de quem mais estimo?

Pessoa incômoda, na visão de quem toma cortesia por desatino?

Será que sou então mulher forte, e não aquela que se enfaixa?

Ou sou eu mesma, em dúvida de si mesma, que pouco se acha?


Ando cabisbaixa, para não ter de falar muito com as pessoas.

De ouvir e ver tantos juízos, melhor olhar para dentro, pensar coisas boas.

Mas também gosto de abrir girassóis para quem de mim se lembra…

E receber tantos mais de volta, que delícia, extroverter-se, ser hembra…


No fundo, é importante autoconhecimento, mas não penso muito nisso.

Não me volto para sucesso ou vitórias, quero o entendimento e seu viço.


Ana Paula Arendt. No cerne de um coração saudável.

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