Um estudo sobre a diplomacia Por Ana Paula Arendt*
Remígio de ideias em rotas costumeiras,
leitura de mapas e livros, domínio de disputas lindeiras.
Espírito de permear as frases com uma calma despertada;
uma ponte levadiça da fasquia mais elevada…
Prestígio pelo qual não se esforçam os seus dirigentes;
a flor do oficialismo, o ouro do emblema das gentes;
palavras primorosas de elegias metálicas e prudentes.
Paixão pela Pátria na distância, o preparo de um convite indeclinável;
passo que depõe ordens exorbitantes, uma ambiguidade renovável.
Falta de ostentação de quem aprendeu recursos conforme se diz o limite;
os roteiros que alimentam o homem e suas ideias dotadas de um palpite…
Guardar manuscritos longevos, o patrimônio herdado que se transmite.
Conjunto de regras sem incrementos, fazer tratados e reservas;
preces nos muitos tabuleiros, o silêncio de quem os observa.
O que se faz na escrivaninha atrás da porta, cumulada de papeis secretos;
desafetação e uma raiva morta, desdém por quem diz este poema é completo.
Conhecer das composturas as diversas faces do interesse nacional;
esperar urgentemente, quando dizem o monopólio e a guerra total.
Pensar a mesa, selar com afeto as cartas, separar a correspondência;
quem vê só burocracia não sabe o tamanho do dia e da ciência
de viver à beira do ostracismo, de fazer turnês da própria existência.
Juntar em caixas coisas bonitas que se vão achando pelo mundo afora;
o lar distribuído em muitos lugares, um momento de que se rememora…
Filhos em outros países, pais que não ligam, o amigo que já não chora…
É o caudal de autarcia do homem que deságua no mar de autarcia do Estado;
discreto sorriso de autoria do desenho onde senta o poder, conformado…
O trabalho ininterrupto de ler oportunidades sem turnos intercalados.
Mania de consulta ao Congresso, empresários, juristas, príncipes, pássaros e poetas…
Relatos que nos deixam interessados, opiniões justificadas, decisões concretas.
As piadas e paisagens colecionadas, as gafes calculadas para homenagear a pressa
Rostos deslumbrados pelo teu trabalho, quem és, realmente, raro interessa…
*Ana Paula Arendt. Estudos II.
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