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sonetos de maior profundidade

  • Foto do escritor: Ana Paula Arendt
    Ana Paula Arendt
  • 18 de out.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 19 de out.

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Sonetos de Maior Profundidade



Soneto CCCLXI

Ana Paula Arendt




SE EU desse na vida mais passos

de ser para ti de agora para sempre…

E em todo giro, em tudo que eu faço

Teu rosto proceda, me encante e enfrente… 


Em cada segundo de grão escorrido

pela ampulheta de medir os prazos

e na dilação do tempo medido 

se ergam mil espelhos duplicando atrasos… 


Ainda assim, precisarei de mais tempo:

a vida é pouco tempo para te amar. 

Mira o eterno, todo altar no templo, 


com pedra fugidia e a onda a desbastar… 

Paremos então o tempo: neste momento, agora!

E quem sabe nossa vida seja um milagre que se demora. 



Soneto CCCLXI

Ana Paula Arendt




AINDA que houvesse muitos milênios

para vivermos bem perto e unidos 

E perdurasse eterna esta hora em que venho 

te contar o quanto és por mim querido, 


ainda que eu dispusesse do tempo todo

que Deus levou para embrulhar o mundo 

e os raios no céu paralisassem o modo 

com que se esgalham sobre o mar hindu…. 


Houvesse tempo para ressarcir todo o bem perdido,

conciliar o mal grosseiro com uma longa explicação,

e o momento eterno feito de estar tão agradecido 


diante da fábrica de paisagens do coração…

Ainda assim todo o tempo seria muito pouco 

para te amar como ensinam os sábios e os loucos. 

  


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Soneto CCCLXII

Ana Paula Arendt



ESTANDO dentro desta sala inacessível,

onde a poesia jorra a música das coisas lindas, 

cantando o gosto das frutas nunca findas

que entornam o amor, a causa impossível…  


Vejo a vida é pouco tempo, mas sozinho

divida cada segundo em muitos milésimos: 

fazendo deles tantos infinitos pedacinhos

que fossem tendo filhos em muitos acréscimos… 


E os mais segundos descendentes de segundos,

numerosos, incessantes, alegres crianças… 

O tempo feliz em que era algo bom o mundo, 


e não a lágrima destilada de uma esperança… 

Então viriam os anos mais do que suficientes 

para adormecer no teu peito de amor constante.   




Soneto CCCLXIII 

Ana Paula Arendt


VIVA o tempo que te obedece

e caberão nele tantas memórias

de quem te doa muitas preces,

tua mão escrevendo minha história… 


Sim, a vida é pouco tempo 

para te amar tanto. 

Os anos levados pelo vento

de mágoa, tremor e pranto… 


A vida é pouco tempo, 

mas pouco tempo bastaria

Para cravar eu te amo, 


e derramar em teu rosto adentro

o beijo interminável deste dia

feito de tudo que nos damos. 


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Imagens: Johan Holmdahl/Getty Images, Rachel Xiao. 

 
 
 

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