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UM POEMA DE AMOR COM PAIXÃO

  • Foto do escritor: Ana Paula Arendt
    Ana Paula Arendt
  • 17 de ago.
  • 3 min de leitura

UM POEMA DE AMOR COM PAIXÃO



John Donne, por Isaac Oliver.
John Donne, por Isaac Oliver.

Aos leitores trago uma tradução de um soneto de John Donne, poeta inglês que muito admiro. Ele é o autor da frase "por quem os sinos dobram", título do famoso romance de Ernest Hemingway.


“Nenhum homem é uma ilha, cada homem é uma partícula do continente, uma parte da Terra. (…) A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti.” (John Donne, 1572 – 1631, poeta inglês, Meditação XVII).


Talvez meu poeta favorito. Apesar de anti-católico e protestante.


A história de amor dele é interessante, casou-se com Anne More, filha do chefe dele, uma grande autoridade da corte, Sir Egerton, de quem era secretário. Casou escondido. Foi demitido e preso por isso, ele, e preso também o padre que fez o casamento secreto, além de um outro amigo, testemunha. Entretanto, depois de um processo legal, o casamento foi declarado legítimo, pois a esposa defendeu sua causa. Foi solto, juntamente com os amigos. Ele teve com ela um filho por ano: eram muito apaixonados, embora vivessem na mais completa pobreza. A concessão do dote dela pelo pai veio apenas depois de alguns anos. Depois do 12º. filho, ela faleceu. Então ele escreveu este soneto de amor para ela.


O que acho faz este poema de amor um dos mais lindos de todos os tempos é que ele sequer cogita ela tenha débito com o imenso amor dele. Ela quitou os débitos que tinha com a natureza e a si própria: a ele não devia nada, portanto seu seu amor foi totalmente gratuito. Depois que ela parte, ele quer continuar a oferecer amor gratuito, a Deus, no lugar dela, onde ela está, e a mais ninguém. E faz o pedido a Deus de receber ainda mais amor d'Ele em um soneto, em um protesto contra tudo o mais.


Penso que não haveria soneto mais agradável em ser lido por uma esposa que partiu para Deus. Reúne amor e paixão nas mesmas linhas, coesos. Ele vive o deserto sem duvidar que ela está viva junto de Deus, saciado de fé. E pede mais amor que o amor infinito, do qual já está saciado. Maravilha de poema.


Sonetos Santos: Desde que a minha amada pagou seu último débito

John Donne (1572-1631), poeta inglês

(tradução de A. P. Arendt)



Desde que a minha amada pagou seu último débito

à natureza e a ela, e o meu bem morreu,

e a sua alma cedo demais ao céu ascendeu,

a minha mente por completo faz no céu depósito.

Em admirá-la minha mente aguçou o propósito

para buscar-Te, Senhor: o rio ao mar se jogou.

Contudo mesmo Te achando, se a sede se saciou,

quer água ainda um santo edema recôndito.

Mas por que te imploro mais amor, quando Tu

desposa de fato minh’alma, sendo ela toda Tua,

temor de que eu não permita apenas meu cru

amor aos santos e anjos, nas divinas ruas…?

É porque no teu doce zelo de ciúme duvidas,

o mundo, a carne, até o diabo a Te esquecer convida.


 

Holy Sonnets: Since she whom I lov'd hath paid her last debt

John Donne (1572-1631)



Since she whom I lov'd hath paid her last debt

To nature, and to hers, and my good is dead,

And her soul early into heaven ravished,

Wholly in heavenly things my mind is set.

Here the admiring her my mind did whet

To seek thee, God; so streams do show the head;

But though I have found thee, and thou my thirst hast fed,

A holy thirsty dropsy melts me yet.

But why should I beg more love, whenas thou

Dost woo my soul, for hers off'ring all thine,

And dost not only fear lest I allow

My love to saints and angels, things divine,

But in thy tender jealousy dost doubt

Lest the world, flesh, yea devil put thee out.




 
 
 

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